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GUSTAVO TUNA: SEDUZIDO PELA ATIVIDADE EDITORIAL, GOSTARIA DE TRABALHAR EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS


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Uma certa mania por limpeza talvez explique o porquê de o atual editor-assistente Gustavo Henrique Tuna cogitar o curso de odontologia e, portanto, ter optado pela área de biológicas quando cursava o 2º ano do atual ensino médio no colégio Pio XII, em Campinas. Um ano depois, descartou a ideia, influenciado também pelo pai, um apreciador de política, que assinava a Folha, O Estado e o extinto Jornal da Tarde, com quem ele conversava muito sobre atualidades.

Ao prestar vestibular as opções foram outras: história, na Unicamp, e jornalismo, na PUC-Campinas, este, claro, porque ele se perguntava o que faria se tornando um historiador. Em casa, o pai achou uma grande decisão, já que lá no fundo, mas sem dizer nada, para não desencorajá-lo, achava que o filho não era talhado para qualquer profissão que exigisse certa habilidade manual e temia que furasse a boca do paciente ao fazer uma obturação. E tinha razão: o próprio Gustavo hoje admite que “pode ter sido influenciado pelo dentista que o atende, ao qual vai por necessidade, mas não tenho a menor condição de ver corpo, quando vejo um bicho morto olho pro outro lado”.


Uma semana de curso

Aprovado, primeiro foi calouro na Unicamp e, uma semana depois, na PUC: “Meu primeiro dia de aula foi na segunda e o último, na sexta. Me encantei pelo curso de história, por tudo que estava sendo dado pelos professores, pela estrutura da universidade e abandonei o jornalismo na primeira semana”.

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De imediato, percebeu que seu interesse maior era por História do Brasil. “Não tinha muita simpatia por história antiga e história medieval achava algo pitoresco”. No 1º ano, no curso de Introdução à Historiografia Brasileira da profa. Luzia Margareth Rago, especializada em história de gênero, conheceu a obra de Gilberto Freyre [1900-1987, à esq.] e imediatamente, com mais quatro colegas, formou um grupo para estudar essa disciplina: “a Patricia e eu estudávamos o Gilberto Freyre, o Zeca e o Edney, o Sérgio Buarque de Holanda, e a Lucinha, o Caio Prado". Daí para uma bolsa de iniciação científica foi um pulo. Seu projeto sob orientação da profa. Rago era sobre a formação da identidade nacional num dos trabalhos mais importantes do autor: Casa-grande & senzala. Com dois anos de duração, a bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) lhe dava a possibilidade de escrever ou não a monografia no fim do curso (já que a pesquisa estava concluída), mas ele não quis declinar dessa possibilidade.


No lançamento, Gilberto Freyre com i

O esforço extra lhe trouxe nova oportunidade. Ao concluir o curso, em 1998, soube do Festival Universitário de Literatura, organizado pela extinta revista Livro Aberto, da Editora Cone Sul, e enviou seu trabalho, “Gilberto Freyre: entre tradição e ruptura”, que venceu na categoria Ensaio. O prêmio foi sua publicação, numa tiragem de mil exemplares, da qual recebeu 200, mas para “meu desgosto Gilberto Freyre saiu com i na capa. Só vi o livro no dia do lançamento, em 2000, na Fnac de Pinheiros, porque não quiseram mostrá-lo antes para os autores, queriam fazer surpresa! Quando o cara da editora o mostrou para mim e perguntou ‘Gostou?’, respondi: ‘Lembra quando você não queria me mostrar o livro? Se tivesse mostrado Gilberto Freyre não teria saído com i na capa’. Porque quem fez a capa não olhou o miolo, então cada uma estava de um jeito”, o que conta sem esconder uma ar de decepção.


A interpretação conforme o que se deseja demonstrar

No mesmo ano, começou o mestrado, sob orientação da profa. Celia Maria Marinho Azevedo. “Como era o mestrado, precisava fazer algo mais específico do que na iniciação científica. E elegi o modo como Gilberto Freyre interpretou os livros de viajantes, do século XVI ao XIX, o material mais usado por ele no Casa-grande & senzala. Me interessei porque percebi que, quando ele citava os viajantes citava ipsis litteris, mas, quando ia interpretá-los, o fazia conforme o que desejava demonstrar”.

Além disso, Gustavo estava interessado em ver o próprio Gilberto Freyre como um viajante, uma vez que o sociólogo fez uma espécie de bacharelado em Letras nos EUA, depois um mestrado em Ciências Sociais em Colúmbia, e boa parte da interpretação que elaborou foi sobre a escravidão no Brasil comparativamente à escravidão norte-americana. “Então fui atrás dos textos desses historiadores do sul dos Estados Unidos em que ele se inspirou e essa foi outra parte da dissertação.”


Uma formação ampla: de Édipo rei à A ética protestante

Em 2002, no decorrer do mestrado, surgiu a oportunidade de se candidatar a uma bolsa de pesquisa no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) [à esq., foto de Stela Morato], que na ocasião mantinha o Programa de Formação dos Quadros Profissionais, que concedia uma bolsa (de mestrado ou doutorado, conforme o curso em que a pesso estivesse matriculada), cujos alunos tinham de frequentá-lo duas vezes por semana, era coordenado pelo professor de filosofia da USP José Arthur Gianotti [abaixo] e do qual saíram vários estudiosos que atualmente são professores dessa universidade. Ainda morando em Campinas, vinha toda as terças e sextas-feiras para São Paulo. “Foi um curso muito interessante, porque seu objetivo era dar uma formação mais geral para o estudante de pós-graduação, uma vez que durante a pós-graduação ele só fica focado em sua pesquisa. O fantástico desse programa era que líamos obras que não estavam no nosso horizonte de interesses diretos."

Entre várias lembranças, Gustavo destaca um ciclo de estudos sobre as tragédias gregas e "durante três meses lemos várias peças, entre as quais Édipo rei; depois houve outro ciclo sobre os formadores da sociologia, um pouco de Emile Durkheim [1858-1917], de Max Weber [1864-1920], de Karl Marx [1864-1920] e isso foi fantástico”. No fim do período, em 2004, “tínhamos de apresentar uma parte da pesquisa para a banca, em seu caso composta pelo orientador, o prof. Pedro Luis Puntoni, do Departamento de História da USP, e por Lilia Moritz Schwarcz e Omar Ribeiro Thomaz, professores de antropologia, respectivamente, da USP e da Unicamp. “Desse período no Cebrap lembro com muita saudade do contato com o Gianotti, que tem uma formação fantástica, de uma outra geração. Certa vez estávamos lendo A ética protestante [de Max Weber] e quando ele passou pela sala e viu do que falávamos entrou e acabou dando uma aula sensacional”.


Um telefone toca em Campinas

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Defendido o mestrado em fevereiro de 2003, uns dois meses depois a Global entrou em contato com ele para fazer o índice remissivo dos livros do Gilberto Freyre que a editora acabara de contratar: Casa-grande & senzala, Sobrados e mocambos, Ordem e progresso e Nordeste. “A indicação partiu do prof. Edson Nery da Fonseca [abaixo, 1921-2014], que entrevistei durante o mestrado, em Olinda, onde ele morava, e com quem falava uma vez por semana, por telefone.”

Procurado na época, o prof. Edson Nery, por causa da idade avançada, declinou do convite e indicou Gustavo. “Eu tinha visto na ‘Ilustrada’ que a Global contratara os direitos do Gilberto Freyre e achei muito legal. Um mês depois o telefone lá de casa tocou e foi assim que entrei no meio editorial, o que estava completamente fora do meu horizonte”.



Da primeira reunião na editora participaram, além do prof. Francisco Teixeira, Jefferson Alves, o diretor-editorial, e o Luiz Alves, o presidente da empresa, “e fiquei meio desesperado porque não sabia como fazer um índice remissivo”. Depois descobriu que era com o “finado PageMaker, programa cujo manual arrumei com o irmão de um amigo”. Mesmo em fase de aprendizagem, foi para a entrevista, “porque queria muito fazer esse trabalho”. Mais tarde contou com a ajuda de dois profissionais do departamento de arte da editora, o sr. Antonio e a Lucia, que o orientaram, “porque eu não sabia mexer no Mac, e eles me ensinaram os comandos e as marcações para iluminar e abrir a caixinha para o sobrenome das pessoas”, relembra. Esse trabalho para os quatro livros foi feito entre maio de 2003 e abril de 2004, um livro a cada três meses, em média. A urgência eram o Casa-grande... e o Sobrados..., porque eram os principais e também porque havia prazo para inscrevê-los no Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).


Quando o resultado foi divulgado, ambos tinham sido selecionados. Para quem estava "de passagem pela área", ele lembra que "foi muito impactante porque, como não trabalhava na editora e só ia até lá esporadicamente, conversando com o pessoal da expedição eles me contaram que estavam vendo uma carreta para levar milhares de Casa-grande... e de Sobrados... pra Brasília. Eu nunca poderia imaginar um livro em que trabalhei feito nessa escala e ser distribuído às bibliotecas, o que me encantou, porque tem um alcance enorme. Mais tarde, conversando com um colega em Campinas, professor da rede estadual de ensino, ele me disse que tinha ido à biblioteca da escola dele e viu o Casa-grande... em que trabalhei. Achei muito bacana fazer um trabalho sobre um autor de que gosto com essa abrangência". E foi essa dimensão do trabalho que o seduziu.


Antonio Candido aponta o próximo caminho

Mas, mesmo encantado, não cogitava ficar no mercado editorial, queria ser pesquisador. "No mestrado, lidava com uma fonte que eram os livros de viajantes do próprio Freyre, da Fundação Gilberto Freyre, situada na casa em que ele viveu [à esq.], e naquele momento desejava uma pesquisa que tivesse relação com arquivos, em que mexesse com documentos, pusesse a mão na massa". Influenciado por seu autor-tema, ele admite que acabou por se afeiçoar mais pelo período colonial do que ao Império ou à República.

Pensando em temas, cogitou algo que relacionasse história e literatura e foi ler Formação da literatura brasileira [de Antonio Candido, à dir., 1918], livro em que "topei com Silva Alvarenga, e pensei em prestar exame na USP, porque gostaria de mudar, sair da zona de conforto, o que seria bom para a minha própria formação. Prestei os exames, pedi e obtive uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no segundo semestre de 2004, e logo comecei a pesquisa.


O desejo de ser pesquisador ​​

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O poeta Silva Alvarenga [1749-1814] nasceu em Vila Rica, e, ao contrário dos outros mineiros, não participou da Inconfidência Mineira, mas da Inconfidência Carioca. O interesse de Gustavo era ver em que medida ele poderia ser "considerado um representante da Ilustração na América Portuguesa (o nome correto para se referir ao Brasil Colônia). Nesse ínterim a Global contratou mais alguns livros do Gilberto Freyre e, em 2006, seis de Florestan Fernandes e, de vez quando, eles me faziam uma ou outra pergunta”.


​​"Fui meio convencido, sabe?"

Enquanto a editora contratava e editava mais autores que de certo modo tinham relação com seu objeto, Gustavo continuava estudando. E foi fazer suas pesquisas em Portugal: “na Torre do Tombo, na Biblioteca Nacional de Portugal, na Biblioteca

Municipal do Porto, na Biblioteca da Universidade de Coimbra e no Arquivo da Universidade de Coimbra, onde Silva Alvarenga estudou”. Em 2009, defendeu sua tese com uma banca composta por dois professores do Rio de Janeiro, Luciano de Almeida Figueiredo - durante bom tempo editor da Revista de História da Biblioteca Nacional - e Francisco Falcon, que há anos não integrava uma banca na USP. E admite: “Fui meio convencido, sabe?, e pensei: “Se é para defender, quero algumas das pessoas que mais entendem de Iluminismo no Brasil”. E convidou também Fernando Novais, professor emérito da USP, e a profa. Iris Kantor, especialista em História Ibérica. Nessa ocasião, o Jefferson Alves o chamou para dizer que tão logo terminasse o doutorado ele ia trabalhar na editora. E foi isso que aconteceu: “defendi a tese em 21 de agosto de 2009 e comecei a trabalhar em 1º de setembro”.


A necessidade de formação

Antes disso, porém, quando do primeiro trabalho, Gustavo sentiu necessidade de obter formação e “fiz três cursos na Universidade do Livro (Unil), porque editora era um outro idioma, completamente distante da expertise que eu tinha. Eu não sabia nada, não sabia fazer nem entendia as marcações nas provas e fui fazer o curso da Ibraíma [Dafonte Tavares], depois outro para entender os processos, sempre para poder fazer tudo da melhor forma possível. Depois que entrei na editora fiz mais uns cursos na Unil, e, em março deste ano [2014], fiz o ministrado pelo Carlos Carrenho, sobre os bastidores o livro, já mais amplo, não centrado em como se faz o livro, mas abordando o mercado e o livro digital, assunto no qual é mais inteirado".

Na nova atividade, entre o fim de 2009 e em 2010 continuou acompanhando as edições de Gilberto Freyre, depois as de Luís da Câmara Cascudo e alguns livros de cordel, como o do Marco Haurélio, que Gustavo considera um autor fantástico. Na virada de 2011 para 2012, “a editora fez uma aquisição sem precedentes na sua história: os títulos de Cecilia Meireles [1901-1964], Manuel Bandeira [1886-1968.] e Orígenes Lessa” [1903-1986, à esq.], sendo o trabalho com esses autores “o que atualmente mais ocupa o meu tempo. Temos uma equipe e meu trabalho é supervisioná-la e dar um pouco de apoio. Além de acompanhar o processo, faço pesquisas de imagem para a capa, tentando dar uma orientação para a direção de arte sobre o que a capa precisa e escrevo todos os textos de orelha e de quarta capa".

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“No caso dos livros de poemas do Bandeira [à dir.], temos feito um trabalho de que me orgulho muito, porque ele é um autor difícil, justamente porque já foi muito publicado. E a direção da editora decidiu uma coisa que achei fantástica: publicar os livros individualmente, embora isso só não seja suficiente. Então fui para a Fundação Casa de Rui Barbosa (RJ), ao qual seu arquivo pessoal foi doado, e fiz uma pesquisa enorme, escaneando praticamente todas as suas fotos e manuscritos. Assim, foi possível inserir na abertura de cada livro um caderno iconográfico em que procuramos colocar, se possível, fotos produzidas na época em que ele escreveu aquele livro específico, alguns manuscritos, além de fac-símiles, o que tem tido bastante ressonância e outros editores têm elogiado. Porque para muita gente parece que [o livro] já está pronto, e não está. Queremos publicar com requinte, para que sejam lidos pelo público mais amplo possível. Essa é uma coleção da qual me orgulho, até o formato também é diferente e ficou muito gostoso de ler”.


"Não vai a feiras, não vai à Bienal, não vai às escolas"

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Já nos livros de Cecília Meireles [à esq.], cuja obra ele acha fantástica, houve outra decisão editorial, distinta da escolhida para o Bandeira, “porque o desafio é outro. Pelo fato de ter ficado muitos anos fora das estantes, muita gente não conhece a obra dela. Então se pensou que seria mais interessante que cada livro tivesse seu próprio DNA". Para o Orígenes Lessa, “um autor com o qual me surpreendi muito, fui para sua cidade natal, Lençóis Paulista, em que todos os lugares têm uma referência a ele e visitei todos: a Biblioteca Municipal, de cuja criação ele participou, e se chama obviamente Orígenes Lessa; a Facol, Faculdades Orígenes Lessa; o Espaço Cultural Orígenes Lessa, onde estão a biblioteca dele e seus pertences pessoais, as roupas e muitas fotos. Procurei e escaneei tudo o que pude, colocando o que é possível nos livros”. Nesse caso em particular, Gustavo observa que não se trata de um autor fácil, porque Orígenes Lessa não tem o reconhecimento automático que Cecília Meireles e Manuel Bandeira têm. “É sempre um desafio publicar um autor falecido. Porque o autor falecido não vai a feiras, não vai à Bienal, não vai às escolas e também não está lá para dizer como gostaria de ser editado”.


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Há pouco a editora contratou alguns livros de Rubem Braga [à esq., 1913-1990], “que estou acompanhando, supervisionando”, e mais recentemente a obra completa do Darcy Ribeiro [abaixo, 1922-1997], que tem títulos mais conhecidos, como O povo brasileiro e Maíra, mas outros nem tanto, “talvez por conta do momento em que o livro foi lançado, ou por causa da editora que o lançou; porque a gente sabe que muitas vezes o livro não dá certo em uma editora, mas passa para outra e obtém o reconhecimento do público. Acho que com o Darcy vai acontecer isso. Livros dele que não tiveram ressonância na época que, agora, ao serem reeditados pela Global, vão ter um peso que, acho, será significativo".

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Uma transição que carecia de formação específica...

“Quando comecei a acompanhar a obra de Cecília, Bandeira e Orígenes havia um grande desafio, porque se diz que literatura não vende. A coordenação das obras deles e do Rubem Braga é feita pelo André Seffrin, crítico literário e ensaísta do Rio de Janeiro, e tive muita dificuldade. Acredito que esses livros terão maior amplitude do que os de ciências humanas. No início, fazer essa passagem foi complicado, por isso comecei a fazer outros cursos na Unil. E sinto que há falta de cursos para o mercado editorial. Claro, há o curso de Editoração da USP, o da Anhembi Morumbi [que agora se chama Produção Editorial com ênfase em multimeios] e tem o da Unibero. Acredito que para ser editor a pessoa não precisa ser formada em letras ou em história, em um curso específico, mas falta uma pós-graduação na área de edição, ou um curso de duração de dois anos, por exemplo. Sei que a Universidade de Colúmbia tem um curso de um mês e meio, ou algo assim, o Colúmbia Publishing Course, e também há um na Oxford Brookers University [à dir., abaixo], na Inglaterra, um mestrado de um ano na área de edição. Recentemente o Publishnews fez esse curso que começou no Rio de Janeiro, lá na FGV, e agora veio pra São Paulo, mas parece que não foi para frente. Acho que existe demanda para esses cursos, de dois anos, para quem fez graduação em outras áreas."

... ainda incipiente no país

Considero o papel da Universidade do Livro fantástico, porque qualifica para o mercado que me parece muito desigual, sem muita profissionalização. Há muita gente que se arvora ser revisor, ou preparador, ou editor-assistente. Começa, mete a cara, não precisa ouvir ninguém, nem fazer curso. Pensa: ‘Ah, sou formado em letras, então vou nadar de braçada’, e não é assim. Acho que o mercado precisa ter um curso que faça as pessoas do mercado trabalharem de forma mais profissional e dialogarem entre si. Acho que isso também não existe. Vejo congressos da área em que as pessoas não conversam sobre o que estão fazendo e parecem mais interessadas em fazer networking. Falta um curso que mostre formas de ser editor, que mostre como é na Alemanha, nos EUA, na Inglaterra, na Índia, para que se tenha um conhecimento mais profundo e menos 'para dentro'. As pessoas querem editar os livros da forma como sempre editaram. Principalmente neste momento, que já dura uns quatro anos, do mercado digital, creio ser a ocasião exata para haver algo que promova uma discussão entre as pessoas sobre o que significa editar livro".


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Gustavo Henrique Tuna é graduado em História pela Unicamp (1998), mestre em História Cultural pela Unicamp (2003) e doutor em História Social pela USP (2009). Atualmente é editor-assistente na Global Editora.



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