Ao avaliar o processo iniciado em 2014, muitos meses antes do lançamento da chapa para a diretoria da CBL (biênio 2015-2016), Luís Antonio Torelli destaca que “Esse programa foi muito conversado com quem formou a diretoria comigo e foi muito bom. As pessoas se interessaram porque os temas são viáveis, é possível colocar todas as propostas em prática. A CBL hoje tem uma representatividade conquistada ao longo desses 60 e tantos anos, e o segmento todo está precisando de livros em todos os sentidos. Então fazer da CBL protagonista é muito importante. Não sei se em dois anos consigo tudo, mas, se lançar a sementinha, já vou me dar por satisfeito”.
As primeiras participações
Mas, para entender em toda extensão a plataforma apresentada, é necessário recuar no tempo, mesmo que à custa de um texto mais longo, porque resultado de múltiplas experiências que justificam os rumos propostos. Os primeiros passos, Torelli os identifica em 2002-2003, quando participava pouco das entidades e dos debates do setor, mas começou a pensar que só criticar não bastava. “O que faço de positivo? Então comecei a me engajar e ver onde poderia me encaixar”. De imediato surgiu a candidatura para a Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), que o levou a pensar: ‘Vou começar aqui para ver se o que penso é viável’. O setor do porta a porta, cujos números (desde a época em que estava na Maltese) são, e continuam sendo, muito significativos, é o terceiro canal de vendas mais importante do mercado livreiro, mas ninguém sabia disso, nem mesmo o segmento".
"Ao chegar à ABDL comecei a divulgar tanto o segmento quanto a entidade, porque nossos associados, mesmo sendo bem-sucedidos, sendo grandes vendedores de livros, adulados pelas gráficas, tinham vergonha de dizer que vendiam livros, não tinham orgulho do faziam, além de serem considerados aventureiros.”
Nesse momento, ele afirma que teve muita sorte porque, para crescer, achava importante se associar a outras entidades e, “ao procurar a CBL, então presidida por Roseli Boschini, viu que ela era da mesma opinião, assim como o Vitor Tavares da Silva Filho [à dir., da Distribuidora Loyola de Livros], então presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL). Não fazia sentido a ABL atuar de um lado, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), de outro, e nossas conversas apontaram na mesma direção, e a ideia de ação conjunta começou a tomar vulto".
Um programa maravilhoso, mas que não anda
Foi também nessa ocasião que percebeu que o setor se limitava a esperar, a aceitar o que o governo faz. “Temos um documento maravilhoso, o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), mas que não anda. Batalhamos muito e conseguimos passar a compor o Conselho Nacional de Cultura, durante a gestão de Gilberto Gil, onde ficamos quatro anos. Mas, quando começamos a apresentar nossas ideias, ele foi substituído por Juca Ferreira e demos passos atrás com a nova proposta dos direitos autorais, o projeto de acessibilidade, foi um pandemônio e fiquei chocado”.
Estado e sociedade juntos por um país de leitores
Sendo assim, “a ideia básica do programa é definir o que a CBL pode fazer no sistema de parcerias. O que pretendemos, como a promoção de leitura nos parques por meio de bibliotecas móveis, é ter um programa eficiente e com o qual se consiga transformar a situação atual e formar mais leitores. Como fazer isso? Comecei a pesquisar e há muita gente e muitas sugestões que não aproveitamos: porque ou essas pessoas não se comunicam conosco, ou, com certeza, não nos comunicamos com elas. Por exemplo, em Rio Branco [AC] o ponto de encontro dos jovens é a biblioteca. Chega-se ali às 22h e está cheio de jovens. A bibliotecária, uma mulher jovem, a transformou no orgulho da cidade, e nos disse: ‘Aqui não faltam livros. Se eu chegar para o prefeito e disser que preciso de livros, ele me dá o dinheiro’. Outro exemplo é Passo Fundo, com aquela mulher maravilhosa, a Tânia Rösing [à dir.], mas o que se aproveita?’. Então penso em promover um fórum, ou mais de um, capitaneado pela CBL, para reunir essas pessoas e que resulte em um documento viável. Porque participo da CBL e quando temos de captar dinheiro para a Bienal do Livro a primeira coisa que nos perguntam é: ‘Qual nosso programa, aonde queremos chegar?’. Por isso, tenho certeza de que se houver um documento, assinado por pessoas importantes, afiançando que funciona e fizermos alguns movimentos, conseguiremos atingir gente disposta a financiar nossas propostas. Não vejo outra saída para esse país que não seja a educação. E há muita gente que pensa da mesma forma, só que ninguém tem nada".
"Acreditei que o PNLL pudesse ser isso, mas do jeito que ele está hoje, impossível; muda ministro, muda todo mundo, mas continuamos nesse jeito de fazer as coisas em que não prevalece a competência, mas o compadrio. Por isso o primeiro ponto da nossa plataforma é uma OS (organização social). E não inventei isso: quem propôs foi o José Castilho Marques Neto [à dir., coordenador do PNLL de agosto de 2006 a abril de 2011] que está no PNLL pela segunda vez [reassumiu em 2013], e foi a primeira pessoa – quando me lancei –, com quem conversei. Depois de três horas saí de nosso encontro em Brasília convencido de que o único jeito de sair da situação atual é ter uma OS, e o melhor exemplo de que isso funciona, desde que com as pessoas certas, é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), que não tinha dinheiro nem para pagar o porteiro e hoje compra equipamento, é o orgulho do estado de São Paulo, tem quem a financie, porque as pessoas sabem que haverá resultados". E apostar todas as fichas nessa possibilidade tem razão de ser: “A leitura, o conhecimento, podem, sim, fazer uma enorme diferença. E se tivermos esse documento, tenho certeza de que encontraremos gente disposta a fazer mais pelo livro”.
Os contatos essenciais
"A primeira audiência que terei em Brasília é no Ministério da Educação, porque precisamos instrumentalizar o professor. Li entrevistas do Cid Gomes falando da necessidade de capacitá-lo, o que também precisa de um programa, tanto nas escolas quanto em casa, porque se sabe da importância da mãe no desenvolvimento da leitura."
"Já estive com o secretário estadual da Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, e com o presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e o que era para ser um conversa de 40 minutos, prolongou-se por duas horas e meia. E aí pude ver o outro lado da história. Ele está preocupado em como vai pagar os 13,5% para os professores; o FDE, preocupado com o vidro para a janela da escola, mas não têm um programa para o professor. E ao dizer que ele é importante na formação de novos leitores, temos um problema: o professor no Brasil também não lê. Por isso o fórum. Há muita gente fazendo coisa boa. Passo Fundo, de novo, é prova disso. Por que em Passo Fundo se lê quase 8 livros por ano? Porque a escola formou os leitores [à dir. acima, crianças na Jornadinha, foto Estado]. O Colégio Dante Alighieri [abaixo, à dir., em São Paulo] tem um dos maiores índices de leitura espontânea das escolas da cidade. Nessa reunião o secretário me disse: ‘Conte comigo’. Mas isso só aconteceu porque levamos algo para ele, cuja expectativa era de que fôssemos pedir dinheiro. Se tiver, ótimo, mas não é isso. Preciso do parque para colocar as bibliotecas móveis para estimular o hábito da leitura. Há muito que podemos fazer, há muitos recursos que poderemos procurar. A boa administração da Karine Pansa deixa um caixa razoável e precisamos ver o que podemos fazer de impacto com esses recursos."
"E se o secretário diz que nos ajuda, em contrapartida, pede a nossa, 'porque', disse ele, 'estou cansado de comprar livros que todo mundo põe na lista e depois sou duramente criticado porque compro livro que não é Machado de Assis, e, por mais importante que ele seja, não adianta eu ficar enchendo as bibliotecas com esses livros porque não são esses que a garotada quer ler’. E ele não está errado, porque todas as pesquisas na área provam que não conseguimos dizer o que o garoto vai ler. Ele recebe o Vale-Cultura e compra o que quer: se quiser comprar revista, compre revista, o importante é que ele desenvolva o hábito da leitura."
Prêmio Jabuti
"Ontem [3/2] tomei dimensão do que é a CBL: cinquenta e tantos funcionários, faturamento, contratos internacionais. Na transição que estamos fazendo, com muita tranquilidade, porque a Karine Pansa [à esq.] abriu as portas, os números, está marcada uma conversa com a profa. Marisa Lajolo [coordenadora da Comissão do Jabuti], que já promoveu mudanças, tornou o prêmio mais interessante. Mas mesmo sendo nosso grande prêmio, o mais reconhecido, o que tem mais história, ele não é considerado nem pelo editor, nem pelo autor, muito menos pela livraria”. E aqui Torelli faz um paralelo: “Quando vamos ao cinema, o cartaz diz ‘Oscar de melhor fotografia’, ‘Oscar de melhor música’, nem foi o de melhor filme, e quem vai ver pensa ‘Deve ser bom’. Mas o Jabuti é uma cerimônia chatérrima, em que se fica duas horas sentado, batendo palmas, o premiado tem de entrar e sair correndo do palco, não pode nem para dizer alguma coisa, o premiado não curte, está distante do público e não desperta seu interesse. No dia seguinte o jornal divulga, mas, se você for à livraria e perguntar ‘Quem ganhou o Jabuti?’, ninguém sabe. Primeira coisa: criar um selinho para fazer igual ao cinema e pôr no livro. A livraria tem de dedicar um espaço para os livros premiados. Como se atrai público e imprensa para a cerimônia? Trazendo escritores premiados, que podem fazer uma pequena palestra para pessoas interessadas no livro. Não é o Torelli, presidente da CBL que vai entregar o prêmio. Por que não trazer o ganhador do ano anterior? Dá mais prestígio, valoriza quem está ganhando e quem já ganhou. Creio que se começarmos a levar autores, como foi na Bienal, passamos a ter outra visibilidade. Vamos pensar se é o caso de reduzir um pouco o número de categorias, mas precisa ter um charme, tapete vermelho, estamos concedendo um prêmio ao autor."
"Além disso, a CBL não tem competência para fazer um evento chamativo. Por que não terceirizá-lo? De novo a pergunta: ‘E o dinheiro?’ Se tivermos uma coisa bonita, tenho certeza de que, talvez não no primeiro ano, mas no segundo, haverá dinheiro, porque haverá exposição. Ninguém transmite o Jabuti, nem a TV Cultura. Como se vende o patrocínio de um negócio chato como esse? Ninguém vai ficar em frente à TV vendo aquilo. E esse ano [2015] vai ser muito complicado, as grandes empresas estão se retraindo muito, portanto as que ainda estiverem dispostas a patrocinar algo serão muito assediadas. Se não houver um evento com glamour, com um chamariz, não haverá patrocínio. E acredito, também, que isso tem de ser terceirizado, como a Bienal do Livro, que tem uma empresa por trás [Reed], fez uma parceria com o Sesc com resultados maravilhosos. E a CBL vai fazer o que pode: assinar contrato, pagar. No exterior, é assim. Não há sentido em querer que a CBL cuide disso. Movimenta-se toda a equipe, nem garagem mais temos na sede para receber os livros, as regras mudam constantemente, e acho que as editoras se inscrevem mais porque o autor pressiona, porque há muitos livros lançados não inscritos. Além disso, hoje há livros publicados só em formato digital e precisamos também prestigiá-los."
Um concurso de contos infantojuvenis
"Também vamos criar um concurso de contos infantojuvenis de âmbito nacional, para escolas públicas e privadas, em duas categorias, até 12 e mais de 12 anos, para premiar novos talentos, nos moldes do que fizemos na ABDL e teve um resultado espantoso. Os selecionados serão publicados em livro patrocinado pela CBL e receberão seu prêmio na cerimônia do Jaburi, provavelmente um Jabutizinho, entregue por um autor ganhador do prêmio."
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
“Outra coisa que beira o ridículo, porque vira e mexe aparece um deputado que provavelmente nunca leu um livro na vida, mas ouviu alguém fazer um comentário sobre a língua portuguesa e resolve apresentar um projeto sobre qualquer coisa, e nos deixa todos preocupados. Quem tem de cuidar da divulgação de nosso idioma somos nós."
"Além disso, nossa diretora Suzanna Florissi [à esq., da Editora Galpão] tem um trabalho muito bom e nos mostrou o movimento da língua portuguesa, o que me animou a incluir esse tema na plataforma. É muito legal ver o cara lá da Suécia falando português com o nosso jovem. Isso tem tudo a ver com o livro, com a literatura. Para mim leitura é tudo: é falar, é escrever. Se você não lê, não fala bem, se não lê, não escreve. Falar, ler e escrever são coisas integradas e acho que podemos ter bons resultados nessa área também."
Mais associados e mais opiniões
"Vamos implantar também uma ouvidoria, porque quem quer elogiar, criticar, propor alguma coisa não tem um canal e as coisas que chegam à entidade se perdem. Será independente, feita fora da CBL, para ter isenção total, com gente em que confiemos que vai nos transmitir o que as pessoas têm a dizer sobre a entidade e sua atuação, sem querer poupar este ou aquele. Um exemplo: na época da Bienal o telefone não para, alguns elogiam, mas a maioria critica, então precisamos de alguém isento para nos trazer as coisas com mais segurança.
Bienal, a grande festa do livro
"Já houve uma reunião no Anhembi e foi muito boa. O secretario de Turismo de São Paulo, que acumula a presidência do pavilhão, William Poit, vem da iniciativa privada, nos mostrou um projeto do prefeito Fernando Haddad, cuja intenção é transformar São Paulo numa cidade cultural e para isso vai ampliar o Anhembi com uma garagem subterrânea de vários andares, um trenzinho para ligá-lo à estação do Metrô, construir outro hotel, e ele tem grande interesse em trabalhar para cumprir essa incumbência. Mas nossa preocupação é 2016 e precisamos melhorar muito. Por isso nos pediu para apresentar um programa que não interfira no que já está desenhado.'
"Saímos dessa conversa com a questão da internet resolvida, além da dos banheiros químicos, uns modelos novos, com ar-condicionado, muito diferentes do que existem hoje, mais as saídas, as rotas de fuga bem sinalizadas, tapetes flamáveis e segurança eficiente. O estacionamento, embora todo mundo reclame, não há o que nós, nem ele, possamos fazer porque se trata de uma concessão leonina da Prefeitura. Mas talvez se consiga que os R$ 10,00 que ela repõe dos R$ 20,00 do valor do ingresso, seja reembolsado, talvez na forma de tíquete na compra do livro. Isso é viável, já conversamos e tem tudo para dar certo."
"Falamos ainda em dinheiro: o aluguel em 2016 será no mesmo valor do de 2014, e também nos deram a Área Oeste, que sempre fica vazia. Além disso, como a participação na Bienal é muito grande, vamos fazer algumas atividades associadas, com a Sinfônica, por exemplo, para que as pessoas que vêm à Feira, e vem muita gente do interior como a pesquisa da Folha de S. Paulo mostrou, fiquem o fim de semana ou o dia todo e tenham outras atividades. A parceria com o Sesc também foi ótima, tanto para nós quanto para eles, e é outra reunião que tenho pela frente. O Itaú também gostou dos resultados, então acredito ambas têm tudo para serem renovadas e termos bons parceiros na próxima."
Cadastro Nacional de Livros
"Esse assunto também já está bem encaminhado, mais uma vez mérito da Karine. A proposta mais madura é a de uma empresa especializada de Frankfurt, que tem a melhor tecnologia e a implantaria, cabendo à CBL entrar com o ISBN. Já conversamos com as livrarias Cultura, Saraiva e Da Vila e ficaram todos mais animados. Teremos uma reunião com eles em Paris, durante a feira, em 16 de março. O valor proposto é bem razoável, porque ganharíamos um ano de trabalho. Então o objetivo é conversar em Paris, depois eles viriam para cá, para uma reunião com as grandes e pequenas livrarias, apresentariam a proposta e, com o aval de todos, a CBL poderia assinar o contrato.
Escola do Livro - a formação dos profissionais
"A Escola do Livro, embora dê lucro, é ‘a escola do livro’. Creio que teremos de mexer nisso, porque a carência do mercado é tão grande quanto o que se pode fazer, e nas minhas viagens foi objeto de muitas reclamações, dada a concentração de cursos em São Paulo. Então, por que não aproveitar o que há de tecnologia e atingir o país todo? E aí o Sesc, durante a Bienal, propôs que conversássemos, uma vez que eles já têm essa plataforma.
"Eu sou muito de consulta. Acho que partir de uma coisa sobre a qual não se ouviu os envolvidos não dá certo, por isso estou propondo várias comissões. O que pretendo? Na primeira reunião depois da posse [3/3], vamos ver quem se responsabilizará pelas comissões, eleger os coordenadores e divulgar para quem estiver interessado. No caso da Escola, ela ficará a cargo do vice-presidente secretário Hubert Alqueres [à dir., Bandeirantes Comércio de Material Didático, Editora Jatobá], que tem expertise nisso. Também sou da opinião de que não se deve fazer comissões enormes. Depois de divulgar, vemos quem se interessa, tem disponibilidade, fazemos uma triagem e compomos as comissões com quem realmente tem condições de colaborar."
Frete e distribuição - assunto crucial
"Essa é uma demanda séria. Temos uma comissão de entidades, que reúne CBL, ANL, ABEU, ABDL etc. quase todo mundo, para tratar desse assunto. Incrivelmente, o frete, que antes era de 2%, hoje está na estratosfera. Com os Correios a conversa está adiantada. Como perderam muito em serviços, têm hoje uma pessoa cuja função é encontrar novas unidades de negócio, e a qual nos disse que pode preencher lacunas em nossa distribuição. Já encaminhamos às editoras um questionário que desenvolveram para terem uma ideia de volume, destinos, e está andando maravilhosamente bem. Na próxima semana haverá uma reunião para avaliar e os Correios enviarão um representante às editoras para conferir os dados, tabular e ter um quadro para que se implante isso logo. Não há garantia de que vai dar certo, porque os Correios são uma empresa, têm de dar lucro. Com outras transportadoras, como as empresas aéreas, seria necessário que desenvolvessem esse conceito de unidade de negócio, porque hoje eles não têm."
"Também esse campo foi muito bom ser o candidato da situação, porque tudo que está aí estamos conversando e fazendo juntos. A CBL tem participação em 21 feiras internacionais. O que vamos fazer e o que queremos com isso? Por exemplo, não convidamos ninguém para a Bienal do Livro. E há uma feira em Nova York feita pela Reed de lá, então estamos pensando em participar, com um estande legal, porque é uma feira para distribuidores e convidá-los para vir para cá e fomentar negócio. Isso tudo foi feito na transição e quando assumirmos no dia 26-27/2, já estamos com tudo andando.
A composição da chapa
"Como fazia parte da diretoria anterior, houve na verdade alguns remanejamentos, trouxe gente mais jovem também, porque acho legal essa mescla do jovem com ideia nova com pessoas mais maduras com muita experiência. A Livraria da Vila, por exemplo, nunca tinha participado, porque consultavam o Samuel Seibel, que não tem tempo. Mas conversei com o filho dele, o Flavio, um menino cheio de ideias, e ele aceitou.
Preço Fixo - não está no programa mas é o assunto do momento
"Não consta da proposta, mas o Snel esteve aqui conosco, nós vamos ao Rio, e essa articulação de todas as entidades para mim é fundamental."
"Fui criticado, sobretudo pelos livreiros, mas como o preço fixo é coisa da ANL que comprou essa ideia, achei que seria antiético incluir no nosso programa. Mas a CBL vai apoiar, e todo o mercado sabe que sempre fui a favor do preço fixo. Acho que deu certo em alguns lugares, errado em outros, mas do jeito que nosso mercado está hoje, é factível e vai nos trazer uma solução para várias coisas, embora não ache que resolverá todos os nossos problemas. Vai nos permitir normalizar, normatizar essa barbaridade do preço e esse tema voltou à tona por causa da Amazon, com quem já conversei, e o negócio deles é vender livro barato. Por outro lado, não podemos apostar só no preço fixo. Estamos numa situação muito difícil, as livrarias estão fechando, o pessoal não está aguentando, seja por causa do preço, do desconto que não pode ser concidido, seja por problemas de gestão."
"O Seminário Internacional sobre Preço Fixo [em 17/11/2014], no Rio de Janeiro, foi maravilhoso, com palestrantes do exterior [Sam Edenborough, presidente da Associação de Autores e Agente do Reino Unido; Jean-Guy Boin, diretor do Escritório Internacional da Edição Francesa (BIEF) e Joachim Kaufmann, vice-presidente do Bonnier Books New Markets], mas ainda não há consenso e precisamos chegar a um. Se não combinar com os russos, não adianta a ANL fazer uma lei. Segundo, uma lei no Brasil demora 10, 20 anos, se correr tudo bem, para ser aprovada. Acho que o momento não permite que se deixe isso na mão do governo. Já perdemos muito tempo, estamos todos preocupados, grandes e pequenos, porque demos espaço e hoje temos um tubarão no nosso cangote. E a gente viu o que aconteceu em Londres, em Nova York. O poder de fogo da Amazon em Brasília mostra que não estão de brincadeira. Então, se não sentarmos e a livraria não falar a mesma língua do editor e do autor, não vamos a lugar nenhum. Ou então cada livraria vai fazer uma coisa, e aí vamos ter outra grande ideia como foi a da consignação, que não resolveu nada. Se ainda se pudesse dizer que hoje as livrarias estão fortes, mas o que aconteceu? Nada! Acho que devemos sentar e fazer um pacto, independentemente da Lei, e pô-lo em prática. Na CBL estamos apoiando, e bato na tecla de que a gente deve encontrar uma solução entre nós."
As relações com o Ministério da Cultura
"Quanto à volta de Juca Ferreira [à esq.] ao Ministério, acho que devemos lembrar que a experiência do passado não foi nada boa, nem para ele, nem para as pessoas que estavam lá naquele momento, como o nosso setor. Foi tudo muito imposto, não foi discutido, e, se houver problemas, acho que a CBL, o Snel, as entidades todas devem dizer que não vão aceitar imposições. Foi como eu disse ao Juca no debate sobre a nova lei de direitos autorais: ‘Quem disse que há problemas no setor?' Ninguém quer o que estão propondo. O autor não quer esse projeto, não quer que o Estado brasileiro seja seu tutor, e o ECAD não nos deixa mentir. Portanto, não vamos voltar a esse assunto. Tenho a impressão de que, desta vez, as coisas serão diferentes, porque foi um desgaste muito grande, o que me faz acreditar que haverá mais serenidade agora.